segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Reviver e voltar

Se fosse possível mudar o passado, hoje seriamos a mesma pessoa?


Joana Barra Vaz - Tanto Faz

Tanto dá o mar, tanto faz
Tanto faz quem não vem
Quem não vem não se dá
Só se dá quem se tem
Que se dane o mar se nos faz
Se nos faz suspender
Suspender o voltar
Revoltar a viver
Mas se por acaso for voltar
Àquilo que era:
Não, não, não, não, não, não.
Já não é o que foi
E o que foi tanto faz
Tanto fez esquecer
E são tantos passos para trás
Mas e se for o mar que nos faz
Que nos faz reviver
Reviver e voltar
E voltar a querer
Mas se por acaso for voltar
Àquilo que era:
Não, não, não, não, não, não.
Não contem comigo não, não contem
Mas se por acaso for voltar
Àquilo que era
Não contem, não contem comigo, não.
Mas se por acaso for voltar
Não contem comigo, não
Àquilo que era
Não contem, não contem comigo, não
Não, não, não, não, não.
Conta comigo para ancorar o coração
Conta comigo para ancorar a tua mão
Conta comigo para ancorar o coração
Conta comigo para ancorar a tua mão
Mas se por acaso for voltar
Àquilo que era
Não contem comigo, não

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Sim ou Não

Entre o sim e o não, também somos o talvez.

Luísa Sobral - João

Eu saio da escola sempre à mesma hora
Vejo o João que sai também
Já me fiz de distraída, sorri meio atrevida
Mas o João finge que não vê

Todas na escola gostam do João
Propõem namorar num papel com sim ou não
Sei que é difícil com tanta escolha assim
Que vai fazer o João gostar de mim

Sou a mais bonita e nunca sou escolhida
Quando fazem equipas para o futebol
Se alguém fica doente entro para suplente
Fico sentadinha a apanhar sol

Todas na escola gostam do João
Propõem namorar num papel com sim ou não
Sei que é difícil com tanta escolha assim
Que vai fazer o João gostar de mim

Todas na escola gostam do João
Propõem namorar num papel com sim ou não
Sei que é difícil com tanta escolha assim
Que vai fazer o João gostar de mim

O João olhar para mim
O João gostar de mim
Ele está a olhar para mim

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Rezingona




Celina Da Piedade - Assim Sou Eu

Sou formiga, sou cigarra
Sou cantiga, pinto a manta, faço a farra
Sou a lebre e a tartaruga
Sou de raça, estou em brasa, vou à luta
Sou bichinho bem manhoso
Poderoso e preguiçoso
Com franqueza e arredia
Sou tristeza e alegria
Sou chorona, está na palma
Rezingona, perco a calma
Sou destino ensarilhado
Diz a linha do meu fado

Sei que assim sou eu
Sei lá eu por que sou assim
Está-se mesmo a ver
Sempre assim vou ser
Está dentro de mim
Eu ser assim

Sou areia, sou granito
Fico cheia, sou o “bom e o bonito”
Sou canseira, sou de gancho
Parideira, só de filhos faço um rancho
D’ir à luta tenho ganas
Contra gregas e troianas
Lusitana, luzidia
Sou beleza e ousadia
Sou mandona, está na alma
Rezingona, perco a calma
Tudo muito complicado
Diz a letra do meu fado

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Pequenas coisas

São nas pequenas coisas que revelamos o nosso carácter
Resistência - Perfeito Vazio

Aqui estou eu
Sou uma folha de papel vazia
Pequenas coisas
Pequenos pontos
Vão-me mostrando o caminho

Às vezes aqui faz frio
Às vezes eu fico imóvel
Pairando no Vazio
Às vezes aqui faz frio

Sei que me esperas
Não sei se vou lá chegar
Tenho coisas p'ra fazer
Tenho vidas para acompanhar

Às vezes lá faz mais frio
Às vezes eu fico imóvel
Pairando no vazio
No perfeito vazio
Às vezes lá faz mais frio

(Lá fora faz tanto frio)

Bem-vindos a minha casa
Ao meu lar mais profundo
De onde saio por vezes
Para conquistar o mundo

Às vezes tu tens mais frio
Às vezes eu fico imóvel
Pairando no vazio
No perfeito vazio
Às vezes lá faz mais frio
No teu peito vazio

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

História

Uma simples atitude pode mudar uma história e criar um novo significado.
Gisela João - O Senhor Extraterrestre

Vou contar-vos uma história
Que não me sai da memória,
Foi pra mim uma vitória
Nesta era espacial.
Noutro dia estremeci
Quando abri a porta e vi
Um grandessíssimo OVNI
Pousado no meu quintal.
Fui logo bater a porta,
Veio uma figura torta,
Eu disse: "Se não se importa
Poderia ir-se embora.
Tenho esta roupa a secar
E ainda se vai sujar
Se essa coisa aí ficar
A deitar fumo pra fora."

E o senhor extraterrestre
Viu-se um pouco atrapalhado.
Quis falar mas disse "pi",
Estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho
E pôde contar-me, então,
Que tinha sido multado
Por o terem apanhado
Sem carta de condução.

"O senhor desculpe lá,
Não quero passar por má,
Pois você aonde está
Não me adianta nem me atrasa.
O pior é a vizinha
Que parece que adivinha
Quando vir que eu estou sozinha
Com um estranho em minha casa.
Mas já que está aí de pé
Venha tomar um café,
Faz-me pena, pois você
Nem tem cara de ser mau.
E eu queria saber também
Se na terra donde vem
Não conhece lá ninguém
Que me arranje bacalhau."

E o senhor extraterrestre
Viu-se um pouco atrapalhado.
Quis falar mas disse "pi",
Estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho,
Disse para me pôr a pau,
Pois na terra donde vinha
Nem há cheiro de sardinha
Quanto mais de bacalhau.

"Conte agora novidades:
É casado? Tem saudades?
Já tem filhos? De que idades?
Só um? A quem é que sai?
Tem retratos, com certeza.
Mostre lá, ai que riqueza!
Não é mesmo uma beleza?
Tão gordinho, sai ao pai.
Já está de chaves na mão?
Vai voltar pro avião?
Espere, que já ali estão
Umas sandes pra viagem.
E vista também aquela
Camisinha de flanela
Pra quando abrir a janela
Não se constipar co'a aragem."

E o senhor extraterrestre
Viu-se um pouco atrapalhado.
Quis falar mas disse "pi",
Estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho
E pôde-me então dizer
Que quer que eu vá visitá-lo,
Que acha graça quando eu falo
Ou ao menos pra escrever.

E o senhor extraterrestre
Viu-se um pouco atrapalhado,
Quis falar mas disse "pi",
Estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho
Só pra dizer: "Deus lhe pague."
Eu dei-lhe um copo de vinho
E lá foi no seu caminho
Que era um pouco em ziguezague