segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce
Uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
Que há no ventre da mulher
Tu que dormes à noite na calçada do relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão, amigo, és meu irmão
E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão, amigo, és meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce
Uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
Que há no ventre da mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e comboios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão, amigo, és meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão, amigo, és meu irmão
Ary dos Santos
segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
Uma moda eu vou cantando
Fadinho Alentejano-Ricardo Ribeiro
Linda cara que tu tens já sei
Quando chegas noite fora
À espera à porta de casa
Está o teu pai que te adora
Lindos olhos tem o mocho... piu
Quando a noite vem chegando
Para deixar passar a noite
P’ra deixar passar a noite
Uma moda eu vou cantando
Muda a água às azeitonas
Rega bem os teus tomates
Tem lá cuidado com a horta
O cravo já está no vaso
Sim senhora, por acaso
Abalaste p’ra Lisboa pois
Deixaste-me ao pé da porta
Tu seguiste o teu caminho
Tu seguiste o teu caminho
A minha alma ficou torta
Quando cheguei ao Barreiro já fui
Lisboa estava fechada
Voltei p’ra casa a cantar
Voltei p’ra casa a cantar
Uma vida abençoada
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
Quando o amor se acabou
Quando o dia entardeceu
E o teu corpo tocou
Num recanto do meu
Uma dança acordou
E o sol apareceu
De gigante ficou
Num instante apagou
O sereno do céu
E a calma a aguardar lugar em mim
O desejo a contar segundo o fim.
Foi num ar que te deu
E o teu canto mudou
E o teu corpo do meu
Uma trança arrancou
O sangue arrefeceu
E o meu pé aterrou
Minha voz sussurrou
O meu sonho morreu
Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada.
Dá-me o quarto vazio da minha casa
Vou deixar-te no fio da tua fala.
Sobre a pele que há em mim
Tu não sabes nada.
Quando o amor se acabou
E o meu corpo esqueceu o caminho onde andou
Nos recantos do teu
E o luar se apagou
E a noite emudeceu
O frio fundo do céu
Foi descendo e ficou
Mas a mágoa não mora mais em mim
Já passou, desgastei, p'ra lá do fim
É preciso partir
É o preço do amor
P'ra voltar a viver
Já nem sinto o sabor
A suor e pavor
Do teu colo a ferver
Do teu sangue de flor
Já não quero saber...
Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada,
O meu barco vazio na madrugada
Vou deixar-te no frio da tua fala
Na vertigem da voz quando enfim se cala