quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Feliz Ano


“O que me preocupa não é o grito dos maus, é o silêncio dos bons.”
Martin Luther King
 
 

Os bonzinhos e os malvados
Dum lado os bonzinhos
com o seu ar sisudo
andando aos passinhos
dentro do veludo.
 
Do outro os malvados
cabelos ao vento
de fatos coçados
por bom e mau tempo.
 
Dum lado os bonzinhos
gordinhos, gulosos
comendo pratinhos
muito apetitosos.
 
Do outro os malvados
a ferrar o dente
em grandes bocados
de chouriço ardente.
 
Dum lado os bonzinhos
com muito cuidado
a dar beijinhos
com dia aprazado.
 
Do outro os malvados
a fazer amor
sem dias marcados
com frio ou calor.
 
 
Dum lado os bonzinhos
muito estudiosos
dizendo versinhos
em salões ranhosos.
 
Do outro os malvados
gritando na rua
que os braços estão dados
que a esperança está nua.
 
Dum lado os bonzinhos
metidos na cama
tomando chazinhos
molhando o pijama.
 
Do outro os malvados
os que dormem nus
sonhando acordados
com feixes de luz.
 
Dum lado os bonzinhos
batendo nos tectos
sempre que os vizinhos
são mais incorrectos.
 
Do outro os malvados
que fazem barulho
despreocupados
ao som do vasculho.
 
Devo ter por certo
os gostos trocados
detesto os bonzinhos
adoro os malvados.

 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Lembranças inexplicáveis


Porque razão ficamos a lembrar-nos de tudo que a outra pessoa já esqueceu?   

 
 

Chuva
As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudade
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
Da história da gente
E outras de quem nem o nome
Lembramos ouvir
São emoções que dão vida
À saudade que trago
Aquelas que tive contigo
E acabei por perder
Há dias que marcam a alma
E a vida da gente
E aquele em que tu me deixaste
Não posso esquecer
A chuva molhava – me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai, meu choro de moça perdida
Gritava à cidade
Que o fogo do amor sob a chuva
Há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
Meu segredo à cidade e eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

 

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Os diamantes são eternos...


O meu primeiro refúgio... a minha ininterrupta ligação umbilical... o guia dos meus primeiros passos... a minha primeira mão-na-mão... o meu terno colo... a minha primeira relação afetiva... o meu complexo de Édipo... o meu ombro amigo... a minha melhor amiga... o meu eterno porto de abrigo... a minha MÃE!
 
 
Para os Braços da Minha Mãe
 
Cheguei ao fundo da estrada,
Duas léguas de nada,
Não sei que força me mantém.
É tão cinzenta a Alemanha
E a saudade tamanha,
E o verão nunca mais vem.
Quero ir para casa
Embarcar num golpe de asa,
Pisar a terra em brasa,
Que a noite já aí vem.
Quero voltar
Para os braços da minha mãe,
Quero voltar
Para os braços da minha mãe.
Trouxe um pouco de terra,
Cheira a pinheiro e a serra,
Voam pombas
No beiral.
Fiz vinte anos no chão,
Na noite de Amsterdão,
Comprei amor
Pelo jornal.
Quero ir para casa
Embarcar num golpe de asa,
Pisar a terra em brasa,
Que a noite já aí vem. 
Quero voltar
Para os braços da minha mãe,
Quero voltar
Para os braços da minha mãe.
Vim em passo de bala,
Um diploma na mala,
Deixei o meu amor p'ra trás.
Faz tanto frio em Paris,
Sou já memória e raiz,
Ninguém sai donde tem Paz.
Quero ir para casa
Embarcar num golpe de asa,
Pisar a terra em brasa,
Que a noite já aí vem. 
Quero voltar
Para os braços da minha mãe,
Quero voltar
Para os braços da minha mãe.
 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Alma


A desilusão é enorme, quando nos apercebemos que perdemos nossa alma.
 
 
Alma Gémea  
Eu nunca acreditei em alma gémea
Mas só agora estou a reparar
Que tudo tem a outra face da moeda
De qual é tão difícil de separar
Por muito que queira
Não dá
Por essa ideia
Não dá
Pois a vida é sempre um livro por escrever
E quando ela vem
Não esta
A minha alma chama
Ser capaz
E fica sempre tanto, tanto por dizer
Mas tal como um farol precisa de luz
O mundo precisa de algum como tu
Eu preciso de ti eh
Eu preciso de ti eeeeh
Como a brisa precisa do ar
E como a praia precisa do mar
Eu preciso de ti oooooh
Eu preciso de ti
Oh alma gémea
Oh alma gémea
Oh alma gémea
Eu sempre andei por parte inserta
Sempre a procura de me encontrar
Será que é a vida que me aperta
Ou serei eu que não se quer soltar
Tal como o...
Não dá
Por essa ideia
Não dá
Pois a vida é sempre um livro por escrever
E quando ela vem
Não esta
A minha alma chama
Ser capaz
E fica sempre tanto, sempre tanto por dizer
Mas tal como um farol precisa de luz
E o mundo também precisa
Eu preciso de ti
Eu preciso de ti eh
Como a brisa precisa do ar
E como a praia precisa do mar
Eu preciso de ti oooh
Eu preciso de ti
Oh alma gémea
Oh alma gémea
Oh alma gémea
 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Certezas

“Largar as certezas para ficar com dúvidas, é como navegar sem encontrar o mar”



Sete Mares

Tem mil anos uma história
De viver a navegar
Há mil anos de memórias a contar
Ai, cidade á beira-mar
Azul

Se os mares são só sete
Há mais terra do que mar...
Voltarei amor com a força da maré
Ai, cidade à beira-mar
Ao sul

Hoje
Num vento do norte
Fogo de outra sorte
Sigo para o sul
Sete mares

Foram tantas as tormentas
Que tivemos de enfrentar...
Chegarei amor na volta da maré
Ai, troquei-te por um mar
Ao sul

Hoje
Num vento do norte
Fogo de outra sorte
Sigo para o sul
Sete mares

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Procurar a Luz

Fotografar faz-nos sentir emoções alinhadas com o pensamento.



Laços    
Andamos em voltas retas
Na mesma esfera
Onde ao menos nos vemos

Porque o fumo passou
A chuva no chão revela
Os olhos por trás
Há que levar o restolho
Do que o tempo queimou

Tens fios de mais
A prender-te as cordas
Mas podes vir amanhã
Acreditar no mesmo deus

Tens riscos de mais
A estragar-me o quadro.
Se queres vir amanhã
Acreditar no mesmo deus

Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços...

Andamos em voltas rectas
Na mesma esfera
Mas podes vir amanhã
Se queres vir amanhã
Podes vir amanhã

Tens riscos de mais
A estragar-me a pedra
Mas se vieres sem corpo
À procura de luz

Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços...
Devolve-me os laços, meu amor!
meu amor... meu amor... meu amor...
 

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Sou sincero

Embora as deceções originem marés de tristeza, não permitamos que restrinjam o futuro e espalhemos ao nosso redor uma constante onda de alegria.

A minha geração
acreditou em promessas
engrossou a procissão
foi indo na conversa
 
aceitou o futuro
como se fosse presente
a cenoura e o burro
qual dos dois vai à frente
 
a minha geração
deu tudo por uma casa
mistério e padrão
de uma vida hipotecada
 
encheu-se de rotinas
começou pelo casamento
uma vida preenchida
sem nada por dentro
 
a minha geração
a minha geração
a minha geração
 
a minha geração
a minha geração
a minha geração
 
a minha geração
ainda fuma uns charros
essa espécie de refrão
que acende o passado
 
transferiu para os filhos
os sonhos adiados
chamou-lhe destino
nos versos de um fado
 
a minha geração
a minha geração
a minha geração
 
a minha geração
a minha geração
a minha geração
 
trocou a felicidade 
por bens de consumo
mas jura e acontece
que quer ir mudar o mundo
 
jogou à cabra cega
deixou-se apanhar
a vida é uma arena
onde nos querem lixar
 
a minha geração
a minha geração
a minha geração
a minha geração
a minha geração
a minha geração